quinta-feira, 9 de junho de 2011

Cultura indígena influência sociedade brasileira

O evento é realizado desde outubro de 1996, sob o patrocínio do Ministério dos Esportes, com o apoio da Funai, que se responsabiliza pela mobilização dos participantes. É uma oportunidade de reunir dezenas de etnias e relembrar seus traços. 
Desde a colonização do Brasil, o modo de vida e sobrevivência dos povos indígenas se modificou muito. A cultura do homem branco influenciou de forma drástica a vida dos povos locais. Apesar disso, ainda apresentamos traços da influência indígena na cultura brasileira
A identidade cultural do nosso povo demonstra uma integração notória dos hábitos miscigenados. Dos índios herdamos alimentos básicos da culinária, como a mandioca e o milho, e instrumentos musicais, como flautas e chocalhos.
O emprego de elementos vegetais e animais como fonte de cura natural para doenças é largamente utilizado hoje, e chegam a se tornar alvo de pesquisadores estrangeiros e do contrabando biológico internacional.
Apesar disso, os índios perderam o contato com a tradição da medicina natural. "O índio, se fica doente, vai para o hospital de branco, pois não sabe mais como fazer remédio, e não tem mais contato com o mato", declara José Luiz Tserite, cacique pajé da aldeia San Felipe, no município de Campinápolis, no Mato Grosso.
A influência do artesanato indígena, com bolsas trançadas de fios e fibras, enfeites ornamentados com penas, sementes e escamas de peixes são notados não só em nosso país, mas em outras localidades da América.
A valorização dos produtos comercializados pelos índios ocorre de forma inferior quando eles próprios realizam o comércio. "Quando vendemos, branco quer pagar pouco, precisamos de dinheiro para pagar contas", comenta Miguel Tsremre, de 45 anos, da aldeia Santa Clara, também do município de Campinápolis. Projetos de órgãos de apoio ao índio, como a Funai (Fundação Nacional do índio), possuem pontos de venda para esses produtos.

 

Jogos Indígenas no Brasil

O principal objetivo do evento é consolidar os jogos como a maior e mais importante festa de congregação entre os povo indígenas. O critério para a participação é a força cultural das etnias.
Durante o evento, ocorre o reforço da divulgação cultural indígena por meio de exposições fotográficas e de artesanatos, pintura, cinemateca, exibição de vídeos e comidas típicas.
As modalidades disputadas são: arco e flecha, cabo de guerra, canoagem, atletismo, corrida com tora, Xikunahity (espécie de futebol em que a bola só pode ser tocada pela cabeça), futebol, arremesso de lança, luta corporal, natação, zarabatana, rõkrã (semelhante ao futebol, mas jogado com o auxílio de bastões).
 
 

Integração cultural divide opiniões entre índios

A cultura indígena, afetada por traços de outros povos, divide opiniões dentro das tribos. Alguns índios acreditam na manutenção de sua cultura como forma de consolidar tradições, evitando a perda total de suas características. Outros vêem na miscigenação de comportamentos uma forma de integração e da sua própria proteção.
 
Segundo José Luiz Tserite, cacique pajé da Aldeia San Felipe, do Mato Grosso, é importante manter as tradições indígenas. "Nos sentimos sufocados com a cultura do branco. Hoje não plantamos, nem caçamos nosso alimento. Primeiro pela falta de recursos da mata. Compramos tudo no mercado, menos arroz, mandioca e banana", conta.
 
O cacique afirma que criam galinhas e vivem do artesanato e dos recursos da Fundação Nacional do Índio (Funai). "A televisão está na aldeia, e o filho do índio quer ter a vida do filho do branco. Isso não pode acontecer. Tudo que branco tem, índio quer, e assim perdemos nossos traços", desabafa.
 
Já Jerônimo Buruwe, de 54 anos, da Aldeia São Pedro, deixou a tribo há 25 anos para trabalhar na saúde dos xavantes, e não se preocupa com a manutenção futura das tradições de seu povo.
 
"Sai para tentar trazer melhorias para minha comunidade. Hoje moro com minha mulher e quatro filhos, e eles estudam na cidade. Quando tiver toda a mudança, não vou mais estar aqui, por isso quero que meus filhos aprendam tudo do branco, para não sofrer o que eu sofri. Quero que eles tenham as condições para viver bem. Fora da aldeia, meu filho será mais aceito na sociedade", explica Jerônimo.
 
Miguel Tsremre, cacique da Aldeia Santa Clara, no município de Campinápolis, acredita que pode haver integração entre as culturas sem que uma acabe com a outra. "Vivemos na aldeia, mas quero que meus filhos aprendam tudo do branco. É importante conhecer os dois lados, mas sem sair do convívio com a comunidade", conclui.


 

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