sexta-feira, 10 de junho de 2011

Introdução


Os nativos brasileiros não são todos iguais. Ao contrário, existe uma incrível variedade de tradições, idiomas, manifestações artísticas e modos de vida. O que não muda é o respeito pela natureza que todos eles têm. Afinal é dela que eles dependem para viver: onde caçam, pescam, coletam frutos e raízes.

Atualmente, há cerca de 300 mil índios no Brasil. Eles possuem uma cultura bastante diferente da nossa, e também não são iguais entre si. caiapó, cadiuéu, suruí, xavante, ticunas, ianomâmi, são algumas das 210 nações indígenas brasileiras.

Os nativos brasileiros vivem em 565 áreas espalhadas por todos os Estados, com exceção do Piauí e do Rio Grande do Norte. A maior parte das terras e da população está na Amazônia.

A maioria das nações indígenas brasileiras mantém contato com os homens brancos. Mas existem exceções. Há 53 grupos isolados, que vivem quase como nos tempos pré-históricos. É o caso dos ianomâmis, que chamam a si próprios de Yanomâme thépé, que significa seres humanos.

Para os índios, a terra tem um significado especial. Ela não pertence a uma só pessoa, mas a todos da tribo.

Desde 1988, a Constituição garante o direito dos índios às terras de seus antepassados e diversas áreas vêm sendo demarcadas. Demarcar significa colocar limites para que não haja dúvidas de que aquela terra já tem dono.


Mesmo com a fartura da floresta, há muito trabalho a ser feito, sempre em grupo. As mulheres cuidam das roças, tecem e cozinham; os homens levantam ocas, derrubam árvores, caçam e fabricam armas e canoas. Onde há aldeia, sempre existe um riacho por perto. Os índios adoram banhar-se, brincar na água e, claro, os peixes que capturam com arco e flecha.

A natureza está sempre presente na vida dos índios. As aldeias, cercadas pelas florestas, mostram como é possível o equilíbrio entre o homem e a mata. Nelas, a caça e a pesca são recursos de sobrevivência.

Em 1910, o governo criou o Serviço de Proteção aos Índios, para controlar as tribos, sob a chefia do marechal Cândido Rondom. Ele pacificou índios sem violência, garantiu a posse das terras. Em 1967, foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) para a demarcação e a prestação de assistência médica e educacional.


Principais costumes dos índios brasileiros:



Embora cada nação indígena possua sua própria cultura com hábitos e costumes próprios, existem alguns costumes que são comuns a praticamente todos os povos indígenas brasileiros. São estes que relacionamos abaixo:

- Os índios brasileiros se alimentam exclusivamente de alimentos retirados da natureza (peixes, carnes de animais, frutos, legumes, tubérculos);
- Costumam tomar banho vários vezes por dia em rios, lagos e riachos;
- Os homens saem para caçar em grupos;
- Fazem cerimônias e rituais com muita dança e música. Costumam pintar o corpo nestes eventos;
- Desde pequenas as crianças são treinadas para as atividades que deverão desempenhar na vida adulta;
- Realizam rituais de passagem entre a fase de criança e a adulta;
- Moram em habitações feitas de elementos da natureza (troncos e galhos de árvores, palhas, folhas secas, barro);
- Fazem objetos de arte (potes e vasos de cerâmica, máscaras, colares) com materiais da natureza.  Esta atividade é desempenhada pelas mulheres das tribos;
- Tratam as doenças com ervas da natureza e costumam realizar rituais de cura, dirigidas por um pajé;
- Possuem o costume de dividir quase tudo que possuem, principalmente os alimentos;
- Possuem uma religião baseada na existência de forças e espíritos da natureza.


 

Socialização Indígena

Índio com tanga e apito na mão ficou nos tempo de Cabral. Hoje eles estão em universidades, cursando Medicina, Direito, Letras e tantas e tantas outras áreas do conhecimento. Eles também não têm mais nada a ver com aqueles que ficavam fascinados com espelhos e as bugigangas trazidas pelos portugueses. Os índios de hoje estão mais cientes dos seus direitos e deveres.

Hoje, a população indígena do Brasil é de aproximadamente 345.000 indivíduos, destes são aqueles que vivem em aldeias, mas 190 mil estão vivendo em áreas urbanas. Esse número tende a aumentar por causa do apoio que os índios brasileiros vêm tendo. Isto sem contar a diminuição da mortalidade, com a melhora na prestação de serviços de saúde, e de taxas de natalidade superiores à média nacional. Cerca de 60% dos índios vive na região da Amazônia, mas eles estão também presentes em todos os estados brasileiros. No entanto, a cidadania do índio está ligada a sua integração à sociedade e ao conhecimento dos valores morais e costumes por ela adotados.

A Constituição de 1988 tem todo um código para proteger os direitos e interesses dos índios brasileiros. Sem contar que foi também um passo à frente na questão indígena sobre a propriedade das terras ocupadas por eles, a competência da União para legislar sobre populações indígenas e a preservação de suas línguas, usos, costumes e tradições. Neste contexto, os grupos indígenas não deixaram, claro, de serem mestiços. O índio brasileiro não se transformou em branco, nem foi totalmente exterminado, mas iniciou um processo de politização que hoje, fez do povo indígena, um povo mais ciente do seu papel, deveres e direitos na sociedade que vive.
 

PARA QUE SERVE A TECNOLOGIA.
Entrevista por Jacques Waller - especial para o JC OnLine.


Celular
"Uso muito celular. É muito bom. Às vezes, a gente tem que se comunicar quando alguém está doente. É muito mais fácil. Só que aqui na aldeia só pega esses celulares mais antigos. Os novos, esses que são cheios de coisas, não pegam. Nem adianta tentar. Para dar as três barrinhas do sinal, tem que ser daqueles velhos mesmo." - Pajé pipipã Expedito dos Santos, 52.
 


Computador
"Com os computadores e a internet, mudei muito. A Lian de hoje é totalmente diferente daquela de antes da informática. Me abriu portas e, além de tudo, fui aceita por pessoas que achava que não iriam me aceitar. Com a internet, viajei o mundo. Fui até Portugal e à África. Eu nem sabia que lá a realidade era tão forte. Perto deles, estamos até muito bem." - Tânia "Lian" Silva, 26, índia pankararu.


 
TV
"Eu gosto muito de televisão. Assisto às novelas, me divirto muito. Mas, ao mesmo tempo, sei que aquilo tudo que passa lá não é verdade. É tudo uma ilusão" - Valentina Maria Vieira dos Santos, 89, índia fulni-ô da aldeia Xixi a cla.
 

MP3 Player
"Cuido do meu tocador de MP3 como se fosse um tesouro. É um pen drive simples, mas é muito especial para mim. Nele ouço músicas indígenas e bandas da própria aldeia. Ele vive emprestado porque acaba sendo a diversão da aldeia inteira. Uso até para exibir uns vídeos que baixo da internet. Basta colocar no aparelho de DVD com entrada USB que tenho" - Jailton Pankararu, 23, índio pankararu.

 

Lideranças estão preocupadas com influência da TV nos jovens; muitos deixam de ir ao toré para ver novela. Apesar das telas dos computadores serem raras nas aldeias de Pernambuco, as imagens das TV  ligadas nas novelas é bem nítida e, segundo muitos dos próprios índios, um problema que pode até mesmo ameaçar a manutenção da cultura indígena. "O maior impacto na cultura indígena é a TV e suas novelas. Os adolescentes ficam todos vendo aquelas porcarias, um mundo de fantasia", dispara o autônomo Roberto Bion, índio fulni-ô. Bion integra o coro dos que criticam a influência da TV até mesmo na determinação dos horários dos rituais sagrados. "A televisão é meu sofrimento. É o que mais desgraça o mundo", emenda o pajé da mesma tribo, Cláudio Pereira Junior.

Mesmo com a crítica, quase todas as casas de todas as aldeias do Estado possuem antenas parabólicas. "Cerca de 95% das pessoas nas aldeias têm TV. O que é uma pena, porque, em termos culturais, a TV tem uma influência bastante negativa", conta o cacique José Pereira da Silva, do povo kambiwá. Na aldeia pipipã, a influência da TV é tanta que chegou a fazer com que os índios mudassem o horário dos rituais. "A gente costumava dançar o toré às seis horas da noite. Agora ninguém quer vir ao ritual nessa hora. Só quando terminar a novela", decepciona-se o pajé Expedito Rosendo dos Santos.

Mas, de acordo com o antropólogo da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Marcondes Secundino, especialista em cultura indígena, não há motivos para temer. "Se os índios da comunidade só querem ir ao ritual depois da novela é algo que eles vão ter que se adaptar", comenta. E, se depender do esclarecimento de anciões como a índia fulni-ô da comunidade Xixi a cla Valentina Maria Vieira, de 89 anos, realmente não há perigo de se perderem as tradições. "Eu gosto de televisão. É a minha diversão atualmente. Mas sei que ela é só uma ilusão. Não é importante", afirma.J.W.
 


Box Energia Elétrica

Os pipipã foram na contramão do ecologicamente correto. Por causa da falta de potência de uma placa de energia solar que havia fornecido energia elétrica para a aldeia por três anos, o povo teve que solicitar uma rede de energia convencional para iluminar as casas das famílias locais. A mudança trouxe os benefícios de costume, mas também uma dor de cabeça: a conta.

"Só agora é que temos energia elétrica. Por três anos, até o ano passado, a energia da aldeia vinha de uma placa de energia solar que fica do lado da escola. Mas era muito ruim, muito fraca. Não dava nem para ligar uma geladeira, que já causava falta de energia. Além disso, todo fim de tarde faltava luz. Bastava ficar nublado e já não tinha energia", lembra o pajé pipipã Expedito dos Santos.

De acordo com o cacique pipipã Valdenir Lisboa , mesmo com os benefícios da nova rede da aldeia, há irregularidades na conta de vários índios. O problema, segundo o cacique, é que a alguns está sendo cobrado um valor bem superior à realidade financeira da tribo. A diferença é resultado na confusão da cobrança de duas taxas da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe).
 
"O problema é que há duas contas sendo cobradas aqui. Uns pagam a taxa de energia para a baixa-renda. Outros têm sido cobrados pela taxa de agricultor. Já solicitamos várias vezes à Celpe a correção da falha. Da última vez, marcaram a visita de um técnico", conta. Segundo o cacique, a visita do técnico da Celpe está agendada para esta semana. J.W.
 
 Brincadeiras e socialização das crianças indígenas


Os brinquedos construídos e utilizados nas sociedades indígenas, no Brasil, variam de acordo com as matérias-primas encontradas no meio ambiente em que esses grupos vivem, sendo que os brinquedos mais comuns são feitos de palha, madeira ou barro.
Os brinquedos são, em geral, miniaturas de objetos do uso cotidiano de cada sociedade e têm como objetivo divertir as crianças e educá-las para o desempenho das tarefas que irão realizar quando adultas.
Nas culturas indígenas, o processo de socialização das crianças é considerado tarefa de todos, cabendo às mães e aos pais a orientação nas tarefas e comportamentos que a comunidade espera desse novo membro do grupo. Cabe a todos desenvolver na criança o senso de responsabilidade e o respeito às regras sociais de sua comunidade.



Televisão muda rotina das aldeias

A Saúde indígena no Brasil

A saúde indígena é um tema central na luta dos povos indígenas pela conquista de seus direitos, dada a precária situação, em termos de acessos aos serviços, a que eles estão submetidos no Brasil. Para melhor compreensão acerca da realidade brasileira, é necessário resgatar alguns princípios sobre saúde e o entendimento do processo saúde e doença, levando-se em conta as especificidades culturais de cada uma das etnias presentes no País.



Segundo os princípios que constam no relatório da III Conferência Nacional de Saúde Indígena, realizada em 2001, "... cada povo indígena tem suas próprias concepções, valores e formas próprias de vivenciar a saúde e a doença. As ações de prevenções, promoções, proteção e recuperação da saúde devem considerar esses aspectos, ressaltando os contextos e o impacto da relação de contato interétnico vivida por cada povo...". Foi dessa compreensão, que emergiu a necessidade de entender que o processo saúde e doença é parte integrante de contextos socioculturais e, portanto, deve ser abordado, no âmbito das políticas de saúde, de forma a contemplar a participação social, a intersetorialidade, a integralidade das ações e, sobretudo, a diversidade cultural, em se tratando das populações indígenas. A necessidade imperiosa de se construir um hospital que contemplasse as especificidades dos povos indígenas se deu pela profunda precariedade das condições de saúde, com taxas de morbimortalidade muito superiores às da população brasileira em geral.

Destacam-se nesse quadro que o perfil epidemiológico dos povos indígenas é marcado por altas taxas de incidência e letalidade por doenças respiratórias, diarréicas, doenças imunopreveníveis, malária e tuberculose, cardiopatia, doenças hemofílicas, doenças renais, câncer e outros. Conforme os dados estatísticos quanto à saúde indígena, é possível compreender e analisar melhor a situação da saúde dessas populações. Toda a precariedade da saúde indígena se revela nas estatísticas. A FUNAI reconhece que a mortalidade infantil entre os povos indígenas é superior à média nacional. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o coeficiente de mortalidade infantil no Brasil em 2004 alcançou 25,1 para cada mil, e no caso dos indígenas ele alcançou, no mesmo ano, 47,48 para cada mil. No Acre, o IBGE divulgou um estudo que mostra que o nível de mortalidade de crianças indígenas é vinte vezes maior que o indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de três mortes para cada mil nascidos vivos.


Considerando a distribuição por faixas etárias, vemos que, entre os menores de um ano, a causa mais freqüente de morte, no período de 2001 a 2003, está relacionada às afecções pré-natais, as quais estão intimamente ligadas às condições de saúde e nutrição, ao nível de escolaridade e de vida das mulheres, como também à qualidade da atenção no pré-natal e no parto. Os dados mostram que, para cada mil nascidos vivos, 60 acabaram morrendo devido à falta do exame pré-natal, à falta de higiene e a questões culturais. Quase 50% das mortes são registradas entre menores de cinco anos de idade. As causas mais freqüentes são doenças transmissíveis, principalmente infecção respiratória, parasitose intestinal, malária e desnutrição. As principais causas dos óbitos na população indígena adulta, em 2003, foram externas, seguidas das doenças do aparelho circulatório, respiratório e as doenças infecciosas e parasitarias. Estes e outros se apresentam como grandes desafios neste momento histórico que vive as comunidades indígenas no Amazonas, na caminhada já iniciada há tempo pela garantia dos direitos e pela melhoria da vida das famílias.

O Instituto e Centro de Referência e Apoio à Saúde Indígena, através de vários atendimentos médico realizado nas comunidades indígenas e na casa de saúde do índio (CASAÍ), têm contribuindo a este processo. A partir das necessidades que foram surgindo nas comunidades e no contexto da caminhada da organização indígena. A necessidade da oferta deste projeto é fruto dos debates e discussões desenvolvidos no seio das organizações indígenas junto a outras entidades que apóiam a caminhada destes povos, entre as quais destaca o Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH da Arquidiocese de Manaus, parceira direta na elaboração e execução desta proposta, e Casa de Saúde Indígena (CASAÍ), aonde, o Instituto vem prestando atendimento médico e realizando articulações na rede de atendimento do SUS.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sustentabilidade Indígena

Você, que está acostumado a pensar que os índios vivem na floresta, já os imaginou morando no meio do sertão? Ou na beira da praia? Pois saiba que isso é comum, especialmente na região Nordeste! Apesar disso, a maioria dos 740 mil indígenas encontrados hoje no Brasil habita regiões de floresta, em terras destinadas pelo governo a eles. Muitas dessas terras ficam no estado do Amazonas, mas também existem grupos indígenas nos outros estados da região Norte e na região Centro-Oeste, além do Nordeste e do Sudeste.

Nessas terras, os índios vivem em aldeias, em que geralmente eles mesmos produzem seu próprio alimento. As famílias se ajudam e as crianças são criadas livremente. Até aí, nada diferente dos indígenas que viviam por aqui há 500 anos. Mas saiba que, nesse tempo, muita coisa mudou. “Os índios não poderiam ter vivido em contato com o homem branco por cinco séculos e continuarem exatamente da mesma forma”.

Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.

Os índios atuais absorveram diversas práticas que não pertencem à sua cultura. Muitas crianças indígenas frequentam escolas, mantidas nas aldeias pela Fundação Nacional do Índio, e aprendem o português. Mas isso não quer dizer que os indígenas tenham abandonado suas tradições, como os rituais religiosos e as danças.

A educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o índiozinho junto para que este aprender. Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta.



A troca cultural não destrói necessariamente uma cultura é natural que a primeira reação do ser humano ao ver as tradições de outro povo seja a curiosidade e não a hostilidade. Os indígenas têm a possibilidade de praticar as duas culturas, sem se tornarem menos índios por causa disso.

Quer ver como é possível? Quando alguém fica doente em uma aldeia, a pessoa é tratada ali mesmo. Isso porque os índios têm muitos conhecimentos para utilizar ervas e plantas no tratamento de moléstias. Além disso, existe o pajé, um curandeiro responsável por cuidar dos doentes. Mas, quando o caso é grave e não pode ser resolvido dentro da aldeia, o jeito é levar o doente a um hospital.



Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios.

Os mais velhos - homens e mulheres - adquirem grande respeito da parte de todos. A experiência conseguida pelos anos de vida transforma-os em símbolos de tradições da tribo.

Os povos indígenas dedicam grande parte do seu tempo em atividades relacionadas à alimentação. Isso porque é preciso obter ou produzir os alimentos: criar animais, como galinhas e porcos; realizar expedições de caça e de pesca; coletar frutos no mato; preparar a roça e colher seus produtos.


Além de produzir o alimento, também é preciso construir as ferramentas e os utensílios como armadilhas, canoas, cestos, arcos e flechas, zarabatanas, entre outros, necessários para realizar as tarefas.

Além de um conhecimento profundo da vida e dos hábitos dos animais, os índios possuem técnicas que variam de povo para povo. Na pesca, é comum o uso de substâncias vegetais (tingui e timbó, entre outras) que intoxicam e atordoam os peixes, tornando-os presas mais fáceis. Há também armadilhas para pesca, como o pari dos teneteharas - um cesto fundo com uma abertura pela qual o peixe entra atrás da isca, mas não consegue sair. A maioria dos índios no Brasil pratica agricultura.

Para realizar cada uma das atividades, as pessoas devem conhecer muito bem a região onde vivem: quais são as épocas de chuva e de seca; como é o comportamento de cada animal; qual é a época em que os frutos amadurecem; qual é o melhor período para preparar, plantar e colher os produtos da roça etc.


A alimentação dos índios é uma alimentação natural, onde os mesmo produzem seus alimentos, os quais são retirados diretamente da natureza, sendo esta a forma de obter alimentos livres de agrotóxicos ou de quaisquer outros produtos químicos. A alimentação do povo indígena é saudável, fonte de sais minerais, vitaminas, e outros nutrientes importantes para o funcionamento do nosso organismo, sendo que por serem alimentos diretamente da terra, os índios não contam com efeitos nocivos de corantes artificiais, conservantes e demais aditivos artificiais adicionados na composição dos alimentos industrializados. Além disso, com a intensa atividade física e uma boa alimentação, os índios contam com uma boa qualidade de vida, isto é, vida mais saudável e livre dos riscos da atualidade, como por exemplo, a obesidade e sedentarismo.


Para que possamos refletir sobre desenvolvimento regional e impactos sócio ambientais nas áreas indígenas, teremos que abordar inicialmente quanto as visões do termo “desenvolvimento”, enfatizando que este apresenta perspectivas diferentes para as sociedades Indígenas e não-indígena Durante muito tempo, o sentido do termo desenvolvimento foi dado pelo grau de industrialização alcançado por uma sociedade. Sinônimo de industrialização e avanço tecnológico. A noção de “progresso”, que contrapõem atraso/pobreza como sinônimo de nenhum ou poucos produtos a moderno/riqueza como igual a abundância de produtos ou necessidades satisfeitas, deriva dessas noções, e, é a partir desse conjunto ideológico de “conceitos” que se estabelecem os parâmetros do bem-estar social como sendo crescimento populacional, aumento de renda per capita, padrão alimentar, nível de escolarização e, sobretudo elevado padrão de consumo.

Cultura indígena influência sociedade brasileira

O evento é realizado desde outubro de 1996, sob o patrocínio do Ministério dos Esportes, com o apoio da Funai, que se responsabiliza pela mobilização dos participantes. É uma oportunidade de reunir dezenas de etnias e relembrar seus traços. 
Desde a colonização do Brasil, o modo de vida e sobrevivência dos povos indígenas se modificou muito. A cultura do homem branco influenciou de forma drástica a vida dos povos locais. Apesar disso, ainda apresentamos traços da influência indígena na cultura brasileira
A identidade cultural do nosso povo demonstra uma integração notória dos hábitos miscigenados. Dos índios herdamos alimentos básicos da culinária, como a mandioca e o milho, e instrumentos musicais, como flautas e chocalhos.
O emprego de elementos vegetais e animais como fonte de cura natural para doenças é largamente utilizado hoje, e chegam a se tornar alvo de pesquisadores estrangeiros e do contrabando biológico internacional.
Apesar disso, os índios perderam o contato com a tradição da medicina natural. "O índio, se fica doente, vai para o hospital de branco, pois não sabe mais como fazer remédio, e não tem mais contato com o mato", declara José Luiz Tserite, cacique pajé da aldeia San Felipe, no município de Campinápolis, no Mato Grosso.
A influência do artesanato indígena, com bolsas trançadas de fios e fibras, enfeites ornamentados com penas, sementes e escamas de peixes são notados não só em nosso país, mas em outras localidades da América.
A valorização dos produtos comercializados pelos índios ocorre de forma inferior quando eles próprios realizam o comércio. "Quando vendemos, branco quer pagar pouco, precisamos de dinheiro para pagar contas", comenta Miguel Tsremre, de 45 anos, da aldeia Santa Clara, também do município de Campinápolis. Projetos de órgãos de apoio ao índio, como a Funai (Fundação Nacional do índio), possuem pontos de venda para esses produtos.

 

Jogos Indígenas no Brasil

O principal objetivo do evento é consolidar os jogos como a maior e mais importante festa de congregação entre os povo indígenas. O critério para a participação é a força cultural das etnias.
Durante o evento, ocorre o reforço da divulgação cultural indígena por meio de exposições fotográficas e de artesanatos, pintura, cinemateca, exibição de vídeos e comidas típicas.
As modalidades disputadas são: arco e flecha, cabo de guerra, canoagem, atletismo, corrida com tora, Xikunahity (espécie de futebol em que a bola só pode ser tocada pela cabeça), futebol, arremesso de lança, luta corporal, natação, zarabatana, rõkrã (semelhante ao futebol, mas jogado com o auxílio de bastões).
 
 

Integração cultural divide opiniões entre índios

A cultura indígena, afetada por traços de outros povos, divide opiniões dentro das tribos. Alguns índios acreditam na manutenção de sua cultura como forma de consolidar tradições, evitando a perda total de suas características. Outros vêem na miscigenação de comportamentos uma forma de integração e da sua própria proteção.
 
Segundo José Luiz Tserite, cacique pajé da Aldeia San Felipe, do Mato Grosso, é importante manter as tradições indígenas. "Nos sentimos sufocados com a cultura do branco. Hoje não plantamos, nem caçamos nosso alimento. Primeiro pela falta de recursos da mata. Compramos tudo no mercado, menos arroz, mandioca e banana", conta.
 
O cacique afirma que criam galinhas e vivem do artesanato e dos recursos da Fundação Nacional do Índio (Funai). "A televisão está na aldeia, e o filho do índio quer ter a vida do filho do branco. Isso não pode acontecer. Tudo que branco tem, índio quer, e assim perdemos nossos traços", desabafa.
 
Já Jerônimo Buruwe, de 54 anos, da Aldeia São Pedro, deixou a tribo há 25 anos para trabalhar na saúde dos xavantes, e não se preocupa com a manutenção futura das tradições de seu povo.
 
"Sai para tentar trazer melhorias para minha comunidade. Hoje moro com minha mulher e quatro filhos, e eles estudam na cidade. Quando tiver toda a mudança, não vou mais estar aqui, por isso quero que meus filhos aprendam tudo do branco, para não sofrer o que eu sofri. Quero que eles tenham as condições para viver bem. Fora da aldeia, meu filho será mais aceito na sociedade", explica Jerônimo.
 
Miguel Tsremre, cacique da Aldeia Santa Clara, no município de Campinápolis, acredita que pode haver integração entre as culturas sem que uma acabe com a outra. "Vivemos na aldeia, mas quero que meus filhos aprendam tudo do branco. É importante conhecer os dois lados, mas sem sair do convívio com a comunidade", conclui.